segunda-feira, 28 de junho de 2010

ESQUEMAS DE ILUMINAÇÃO - ILUMINAÇÃO TRÊS PONTOS

A iluminação de três pontos é composta por três refletores, cada qual com função própria: "key-light" ou "luz-chave", "fill-light" ou "luz de preenchimento" e "back-light" ou "contraluz".

A "key-light" é a luz principal do personagem. Sua função é dar o foco principal da iluminação comparando-se à luz gerada pelo sol. Sua posição deve ser direcionada ao personagem à partir do ponto onde encontra-se a câmera. Pode ser posicionada sobre a câmera, com a lateralidade variando ou pouco à esquerda ou à direita em relação à câmera que fará o take. Geralmente a "key-light" deve projetar uma intensidade de luz em torno de 2.000 lux sobre o personagem principal. A medida deve ser realizada com o fotômetro para medida de luz direta (e não refletida), posicionado no ponto onde está o personagem.
O refletor indicado para esta função é o do tipo "fresnel" com lentes e bandeiras. As lentes permitem direcionar o feixe luminoso do refletor de forma a gerar sombras bem definidas como a própria luz solar. Este refletor faz parte da família de luz dura. As bandeiras tem a função de evitar que a luz do personagem invada o cenário ou outros elementos da cena.
O ajuste fino deste refletor deve ser realizado com os demais refletores apagados para evitar interferência de outras fontes luminosas. A figura 42 mostra o melhor posicionamento horizontal e vertical para a luz-chave.

A "fill-light" deve ser proporcionada por um refletor da família das luzes suaves. Como o sol, a "key-light" gera sombras muito definidas, o que dá uma relação de cinza fora do que a câmera de TV consegue registrar. Logo a diferença entre as partes mais claras e as mais escuras da cena ultrapassa os limites dos 30 (trinta) níveis de cinza percebidos pela câmera. Por esta razão a "fill-light" entra para preencher esta nuance de cinza. Agindo como a luz do sol que reflete nas paredes e objetos a nossa volta, minimizando o efeito duro da luz solar, a "fill-light" deve suavizar a sombra gerada pela luz principal sem, no entanto, eliminá-la. Uma vez esta luz tendo a função de suavizar a luz-chave, ela deve ser posicionada no lado oposto da "key-light", em relação à câmera. A intensidade luminosa adequada para o preenchimento é que a "fill-light" gere em torno de 90 porcento da intensidade luminosa da luz-chave. A figura fig. 42 mostra o melhor posicionamento horizontal e vertical para a luz de preenchimento.

" ‘Back-light’ é qualquer luz que esteja atrás do ator ou do apresentador em relação à câmera que faz a tomada.(...) Ela destaca o cabelo, os ombros e dá um realce à imagem do ator."

A "back-light" apresenta algumas controvérsias entre profissionais da prática da iluminação. Para alguns ela não apresenta nenhuma função à partir do momento que a luz de cenário apresenta o destaque de contornos que valorizem o personagem. Entretanto pela análise e experimentação pudemos perceber algumas características que favorecem a prática do uso da "contra-luz":
Por ser a televisão um aparelho que apresenta imagens em tela bi-dimensional, somente a sombra e suas nuances podem causar a sensação de profundidade em uma cena. A "back-light" permite destacar os cabelos e ombros do ator, proporcionando a sensação do volume nas formas da cabeça e corpo além de gerar noção de distância entre o personagem e o fundo.
O personagem nem sempre tem de "back-ground" cenários iluminados com controle de luz e sombra. Muitas vezes a cena de fundo é composta por imagens de uma reportagem, gráficos ou artes contextualizadas ao assunto, cujos tons de cinza são variados. Caso o cenário fosse sempre o mesmo, o diretor de fotografia poderia planejar uma iluminação com boa relação de contraste entre "back-ground" e o apresentador que fica em primeiro plano obtendo assim boa relação visual. Porém é freqüente o uso de imagens dinâmicas o que impossibilita a definição quanto ao nível de cinza de fundo e se o mesmo proporcionará bom contraste em relação ao apresentador. A "back-light" mantém a relação de volume e contraste com o fundo independente de qual seja a cena de "back-ground".
Por estas razões consideramos fundamental o uso da "back-light" em qualquer situação de iluminação de pessoas.
O refletor para esta função deve fazer parte da família de luz dura com bandeiras. As bandeiras devem ser posicionadas de tal forma que a luz não incida sobre a lente da câmera. Ele deve estar atrás do personagem alinhada com a câmera que fará o "take". A figura 42 mostra o melhor posicionamento horizontal e vertical para a contra-luz.

FIG. 1 - Diagrama para iluminção de três pontos  


FIG. 2 - Apenas a key-light      FIG. 3- Apenas a fill-light
            

 

  FIG. 4 - Apenas a Back-light     FIG. 5 - Iluminado pelos três pontos

O personagem deve ser iluminado com refletores exclusivos que não interfiram no cenário. Desta forma também o cenário deve ser iluminado por refletores que não incidam sobre o personagem.
Assim o cenário deverá ser montado com iluminação própria conforme a estética determinada para o programa. Porém a intensidade luminosa do fundo nunca poderá ser igual à da luz-chave, sob o risco de ferir os princípios da composição da imagem: o elemento principal, ou seja o centro de interesse, é o personagem. Já vimos no capítulo sobre a composição da imagem que as partes mais claras do vídeo chamam mais a atenção do telespectador, portanto se a luz-chave incide 2.000 lux sobre o apresentador, logo as luminárias de cenário devem projetar menor intensidade que a luz principal. Não é necessário determinar exatamente quantos lux o cenário deve receber, desde que não seja mais intensa que a do apresentador. A melhor intensidade deverá ser observada através da câmera devido suas limitações características de registro de níveis de cinza. Observando-se a olho nu, o resultado não será o mesmo pois o olho humano pode perceber maior nuance de cinza que a câmera, o que prejudicaria o resultado para o telespectador.

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